segunda-feira, 28 de junho de 2010

Posse Responsável

Antes de ter um animal ,faça a si mesmo, as seguintes perguntas:
-Estou consciente de que terei um companheiro para mais ou menos 15 anos de convivência?
-Tenho condições financeiras suficientes para fornecer-lhe comida de qualidade e um espaço adequado?
-Tenho tempo para dar-lhe atenção, carinho e os cuidados necessários?
-Estou preparado para dividir minha vida com alguém que, além de muito reconhecimento e carinho, dependerá de mim para o resto da vida?
-A minha família aceitará bem o meu novo amigo?
Diante de tantos casos de abandono e maus-tratos, achamos que é chegada a hora de alertarmos á população brasileira sobre os critérios para a posse responsável de animais domésticos.
Muitas pessoas não sabem , mas agredir ou abandonar animais domésticos, silvestres ou domesticados é crime previsto pela Lei de Crimes Ambientais, 9.605/98, artigo 32.
Está cientifícamente provado que ter um animal de estimação , faz muito bem á saúde mental e física, mas ao adquirir( ou preferencialmente adotar) é necessário ter bom senso , responsabilidade e muito amor para oferecer a ele.
Idealizamos algumas dicas educativas para quem decidiu em ter ao seu lado um bicho feliz:
- Nunca capture animais silvestres (pássaros, répteis, primatas). Você poderá ser indiciado por tráfico;
-Ao invés de comprar, prefira adotar um animal de um abrigo. Você estará ajudando a tirar das ruas um animal carente, além de não incentivar a reprodução e o comércio ilegal de cães e gatos;
-Mantenha o seu animal sempre dentro de casa, nunca solto na rua.
Para os cães, passeios são fundamentais, mas somente com coleira/guia e conduzido por quem possa conter o animal;
-Cuide da saúde física do animal; dê atenção, carinho e um ambiente adequado;
Dê educação, se necessário por meio de adestramento, mas respeite as características do animal;
-Recolha e jogue os dejetos em local apropriado;
-Identifique o animal com plaqueta e registre-o no Centro de Controle de Zoonoses ou similar, informando-se sobre a legislação do local;
-Impeça as crias indesejadas de cães e gatos. Castre os machos e fêmeas. A castração é a única medida definitiva no controle da procriação e não tem contra-indicações.
A POSSE RESPONSÁVEL É CIDADANIA , POR ISTO, É UM DEVER DE TODOS INCENTIVÁ-LA!.
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Este Boletim é um somatório de idéias das pessoas que participam do Grupo de Debates Animalivre sobre o tema apresentado, com o intuito de prestar uma colaboração efetiva no processo de conscientização.
Relatora: Janaina Rios -Salvador -BA
Colaboradoras:
Carla Dassa - Araraquara - SP
Associação Araraquarense de Proteção Animal
Denize Datro Furtado-Porto Alegre - RS
Gatos & Amigos
Maria Lucia Metello - Campo Grande - MS
Abrigo dos Bichos
Thais Vaz Oliveira - São Bento do Sul - SC
Para participar do Animalivre
Envie um email em branco para
animalivre-subscribe@yahoogrupos.com.br

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O FILA PRETO:
(por Hebert de Melo Secundo)

Constantemente recebemos cartas e telefonemas tanto de criadores de Fila quanto de pessoas desejosas de se tornarem novos criadores e, uma das principais consultas vem sendo sobre a autenticidade do Fila Preto. O objetivo principal do FILA-RJ é a Preservação e Divulgação da Raça alicerçada, principalmente, no seu Aperfeiçoamento. O Fila é um cão em evolução com 3 padrões oficiais em 52 anos (1946,1976,1984), e, possivelmente, ainda venha a ter outros em função da evolução do seu aperfeiçoamento rácico. Procuramos tecer alguns comentários elucidativos trazendo a baila alguns pontos de vista de quem escreve este artigo como, também, sinteses de artigos ja publicados em nossa pouca, mas discutida, literatura sobre o Fila Brasileiro.
1- O cão de Fila de cor preta já existia antes do reconhecimento oficial da raça?.
Antes e por ocasião do reconhecimento oficial do Fila Brasileiro na década de 40 ( fila nacional ), ao lado dos filas dourados, tigrados, etc., o fila preto comprovadamente já existia. Provas existentes:
- Ano de 1907 - Fila preto de nome Africano é mostrado em documentação fotográfica junto ao então Cel. Engenheiro Candido Mariano da Silva Rondon e seu grupo.
- O criador mineiro William Frederik Chalmers conheceu o primeiro fila há quase 60 anos passados. Era de cor preta e chamava-se Zulu.
- No ano de 1914: o ex-presidente norte-americano Theodor Roosevelt, em uma excursão de caça em Mato Grosso, Brasil, faz um relato sobre cães cabeçudos onceiros. Entre eles julgava melhor um de cor preta.
- Ano de 1928: o pai do senhor Enio Monte adquire o fila preto Tupi, de tropeiros da região de Sorocaba.
- De 1946 a 1957, segundo arquivo do BKC, foram dados registros iniciais (RI) à 412 filas, dentre os quais 10 pretos.
- Junho de 1963: Revista Caça e Pesca nº 265- artigo a Cor do Fila - autoria : Paulo Santos Cruz (Mestre de Criação da Cafib e considerado, pela Cafib, o pai da raça Fila Brasileiro). Sobre a cor preta -fls 242, diz: "Recentemente um escritor indagou sobre a permissão da cor preta no Mastiff. Ora por volta do ano 1600, negro era a cor predominante, com mancha amarela nas bochechas e branco nas pernas".
"Em suma, admitida pela própria Cafib ( O Fila, ano II - nº 13- pag. 4 ), a teoria do caldeamento Mastiff, Bloodhound e Bulldog, e conhecendo as inúmeras raças que formaram ou influenciaram a formação destas três, somos forçados a admitir que, com tal arco-íris em sua ascendência, a raça Fila tem, obrigatoriamente, de possuir exemplares das mais variadas colorações".
2- As três raças de cães ( Mastiff Inglês, Bulldog, Bloodhound ) aceitas de modo genérico como a linhagem básica na formação do Fila, possuem ou possuiram cor preta?
Consultas da cor preta no padrão dos Bloodhounds ( Brey, C.F. e Reed, L.F., The Complete Bloodhound, 1984 ) e da cor preta nos ancestrais do Mastiff Inglês ( livro do Reverendo Wynn ) demostram que, nas 3 raças tidas como básicas na formação do Fila, há genes responsáveis pela cor preta.
3- Durante os vários séculos de sua formação aqui no Brasil até o reconhecimento do Fila por clubes especializados ou entidades cinófilas, poder-se-ia afirmar que não aconteceram cruzamentos com outras raças, justificando a variedade de tipos e cores?
A resposta a esta interrogação só pode ser afirmativa, isto é: em tempos remotos, na inexistência de entidades cinófilas disciplinadoras dos cruzamentos das raças caninas, seria impossível evitar-se a mistura com cães de outras linhagens. O Fila foi criado no interior do país, solto nas fazendas, sítios, casas e em contato com outras diversas raças; será que nunca houve um cruzamento com alguma raça de cor preta?. Pode-se mesmo afirmar que tal miscigenação não apenas teria acontecido, como também deve ter tido razoável importância na Heterogeneidade dos fenótipos e genótipos dos filas atuais.
4- Devem ser eliminados os exemplares pretos atípicos?
A resposta deve ser sim, porém desde que se leve em consideração o "aprimoramento dos padrões raciais, independentemente da cor". É necessário ressaltar que a falta de tipicidade não é um atributo particular do Fila preto. Ela é encontrada nas exposições cinófilas e entre os criadores, nos fila tigrados e dourados, etc, de forma equivalente, consideradas as devidas proporções em termos numéricos. Tudo o que um fila preto autêntico tem os outros também tem, a começar pela falta de homogeneidade...Assim, para fins de aprimoramento do padrão da raça, as exigências devem ser validas tanto para o Fila preto quanto para o dourado, tigrado, etc.
5- Como conclusão pode-se resumir em decorrência das evidências acima:
O cão de Fila preto já existe desde os tempos antigos, sua formação tem se processado do mesmo modo que as dos demais Filas enquadrados atualmente em termos de cor e demais caracteres, dentro dos padrões desejáveis.
Ha nas três raças basicamente formadoras do nosso Fila genes responsáveis pela cor preta . No Bloodhound a cor preta consta inclusive do padrão da raça (Brey,C.F. e Reed, L.F. The Complete Bloodhound,1984).
Nos vários séculos de sua formação aqui no Brasil, além da carga genética procedente do Mastiff Inglês, Bulldog e Bloodhound, houve a participação de genes recebidos da mistura com cães de outras raças.
A heterogeneidade ou a atipicidade pode ser encontrada em filas das várias cores. As exigências para o aprimoramento dos padrões raciais devem ter igual validade para todas elas. Não queremos aqui provar a origem do Fila preto ou mesmo discutir assuntos históricos, técnicos e/ou científicos sobre a raça pois sabemos que o que temos de real sobre a raça são apenas teorias de alguns estudiosos sobre assuntos cinófilos mas que se prendem apenas em suposições, em teorias, sem provas concretas que atestem tais teorias. Muito se tem falado sobre a origem do Fila Brasileiro e mestiçagem na raça. Ora, quando uma raça não é apurada em laboratório, quaisquer teorias quanto a verdadeira origem desta raça ficará sempre no campo da suposição. Sabemos que o Fila Brasileiro surgiu nas fazendas, lidando com o gado, solto nos campos e matas, em contato, inclusive, com cães de outras raças. A própria natureza se incubiu de, através de livres acasalamentos e sobrevivência dos mais fortes as condições inóspitas do seu habitat, aperfeiçoar as qualidades marcantes do Fila Brasileiro. Sabemos que, em certa época, houve a introdução, por alguns criadores, do sangue Mastiff Inglês, Mastim Napolitano, Dogue Alemão e, até mesmo do Bloodhound, dai o resurgimento mais marcante de algumas características típicas destas raças em vários exemplares atuais de Fila Brasileiro. Muitos defensores da pureza rácica do Fila Brasileiro contestam tais características taxando tais exemplares de "mestiços" como se o Fila não fosse, originariamente, um cão mestiçado aquelas raças. Prendem-se a contestar tais características e esquecem-se do principal; a "Evolução da Raça !" Esquecem-se de discutir as atuais qualidades da raça e em quais quesitos houve melhoria , ou, mesmo, aonde melhorar o Padrão Oficial para que o mesmo se adapte a essas melhorias. O importante seria discutir a "Qualidade x Padronização do Fila Atual" Por esse motivo, qualquer afirmação categórica sobre a origem da raça e a sua trajetória até os dias atuais estará sempre no campo da suposição. O importante é o hoje e o que se quer da raça, dai a real importância de um Padrão Oficial que permita a "fixação" da raça aliada a uma qualidade superior, cada vez mais apurada.
Em resumo, o Fila é uma raça que caminha a passos largos no caminho do aperfeiçoamento. O mesmo deve ser guiado através de padrões dinâmicos, evolutivos, estabelecido por técnicos e criadores devotados a raça, botando prá fora o que o Fila tem dele próprio, valorizando o que lhe é positivo. E tudo isso pode ser feito dentro das leis genéticas e com bom senso. Acreditamos que opiniões sem respaldo científico que provem geneticamente a não autenticidade do Fila Preto só trazem malefícios ao aperfeiçoamento da raça. Se o Fila Brasileiro possui um Padrão Oficial da raça que da autenticidade ao Fila preto, reconhecido internacionalmente, por que mancha-lo com opiniões sem embasamentos históricos, técnicos ou científicos, pondo em risco, inclusive, a integridade da CBKC ?. Se estes embasamentos existem, por que não demostra-los junto à CBKC e alterar, desta forma, o Padrão Oficial da raça? -Seria uma forma autêntica de luta pela raça -. A autenticidade do Fila não esta na cor . Esta, sim, nos predicados que formam o seu Padrão Oficial. Combatamos, sim, o que fuja a este padrão. Será que daqui a 10, 20, 50 anos, talvez , com novas mudanças no padrão oficial, poderemos taxar os Filas atuais que se enquadram no padrão atual, de filas não autênticos ou de Filas não puros?.. Não existe Fila preto puro (?..!..). A afirmativa deve ser; não existe Fila puro !... mas, sim, Fila dentro do padrão oficial atual e Fila fora do padrão oficial atual.. Usemos o bom senso em nos preocuparmos , sim, com a divulgação dos pontos positivos do Fila em prol do conhecimento internacional. Procuremos valorizar as suas inúmeras qualidades sem lançarmos dúvidas ao ar daquilo que não podemos provar técnica e cientificamente e se, por acaso, o pudermos que demostremos as autoridades competentes tal conhecimento, baseado em provas reais ao invés de nos determos em minúcias abstratas que em nada contribuem e só confundem criadores e candidatos a criação.
"Ha certas crenças que as raças nasceram acabadas e puras, em determinada região, como Adão e Eva sairam das mãos do Criador. Acabadas e puras, e sobretudo fixas..."
"A raça esta longe de ser uma coisa estatica, pois e antes de tudo, um estagio no processo evolutivo de certa populaçao, em constante processo de adaptaçao ao ambiente." Octávio Domingues

Hebert de Melo Secundo
-Criador de Fila Brasileiro desde 1978 - Prop. Canil Solar da América.
Fontes de Consulta: Síntese do artigo do Dr. Fausto J. Santos Soares (Canil Entre Folhas) publicado em Atualidades CANINAS e Veterinárias, O Grande Livro do Fila Brasileiro autoria do Dr. Procópio do Valle e colaboradores,